Glaucoma Congênito é uma doença rara, hereditária, caracterizada pelo aumento da pressão intraocular em crianças portadoras de má formação nos olhos. Pode atingir apenas um ou os dois olhos e costuma estar associado a transtornos sistêmicos e síndromes, como a Síndrome de Sturge-Weber.

Quando o diagnóstico não é realizado a tempo, a doença leva à cegueira irreversível.

Os principais sinais clínicos são:

  • Lacrimejamento: os olhos estão sempre molhados, úmidos.
  • Fotofobia: quer dizer medo da luz. A criança não tolera a claridade.
  • Buftalmia: olhos grandes, desproporcionais ao rosto do bebê, parecem saltar das órbitas. Quando atinge apenas um dos olhos, é assimétrica.
  • Córneas (olhos que lembram a jabuticaba): muitas vezes a córnea apresenta coloração azul violácea. Isso se deve ao edema provocado pela pressão alta intraocular, dando a impressão de que a córnea ocupa todo o espaço, ficando difícil ver a pupila e a íris.
  • Em alguns casos, não há edema e os olhos apresentam apenas uma leve diferença de tamanho.Dependem das características próprias do globo ocular da criança e variam em função da idade de aparecimento, da rapidez com que aumenta a tensão ocular e do valor da tensão ocular.Turvação e aumento do diâmetro da córnea. São frequentemente o primeiro sinal de glaucoma congénito. Resultam do aumento da tensão ocular. A baixa rigidez corneana facilita o seu alargamento e a distensão do limbo. A subida rápida e acentuada da tensão provoca edema de córnea que se manifesta por um aspecto turvo.
  • Lacrimejo, fotofobia e blefarospasmo. São os primeiros sintomas e são a consequência do edema e turvação da córnea.
  • Buftalmos. Significa aumento do tamanho do olho. É consequência do aumento da tensão ocular nos primeiros 3 anos de vida. Deve-se à baixa rigidez da esclera que sofre um estiramento e adelgaçamento assumindo por vezes um aspecto azulado relacionado com a cor da coroide que lhe está subjacente.
  • Miopia. É provocada pelo aumento do comprimento axial do olho.
  • Ambliopia. Pode ser provocada pela turvação da córnea ou pela miopia resultante do aumento do comprimento axial do olho.
  • Rotura da Membrana de Descemet. Estas roturas são conhecidas como estrias de Haab. Resultam da descompensação do endotélio corneano com entrada súbita de líquido para o estroma corneano. Estas alterações corneanas podem ser causa de astigmatismo nos olhos afetados.

Escavação papilar. Pode acontecer precocemente mas ao contrário da escavação do adulto pode regredir. O canal escleral pode alargar com as tensões elevada como parte do alargamento geral do globo ocular.

Após a avaliação da criança, o oftalmologista irá realizar exames de refração, fundo de olho e o exame de biomicroscopia com avaliação da câmara anterior e seus anexos – que pode ser feito em todas as crianças, independente da idade.

Caso os indícios levem ao diagnóstico de Glaucoma Congênito, será necessário aplicar sedação ou anestesia geral na criança, para que o oftalmologista possa aferir a pressão intraocular (tonometria), proceder a avaliação do ângulo formado entre a íris e a córnea (gonioscopia), calcular o diâmetro horizontal e vertical das córneas e realizar a ultrassonografia da espessura da córnea (paquimetria).

O Glaucoma Congênito não tratado é uma das principais causas de cegueira infantil (20%), porém, existe tratamento, bastando para isso que os pais e cuidadores, investiguem o histórico familiar (50% com histórico familiar), levem seus filhos ao oftalmopediatra logo no primeiro mês de vida se indentificarem alguns dos sinais ou sintomas acima descritos.

 

Fonte: oftalmologia-pediatrica, oftalmopediatria